quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ferramentas melhores fazem guerras melhores


Há três semanas voltou a ser notícia por ter sido levado à força da Assembleia Regional. O modo não mudou, de facto. José Manuel Coelho sabe o que tem de fazer para ser notícia. Algumas vezes ultrapassou limites, como no caso da bandeira nazi, noutras soube capitalizar magistralmente a sua figura, como nos 190 mil votos presidenciais. As pessoas começaram por estranhá-lo, numa cena política madeirense sufocada, conformada, e confortável com o politicamente correcto, mas depois chegaram a entranhá-lo. Coelho, no fundo, era o nosso alter ego, o tipo burlesco sem nada a perder, que falava o que tantos tinham de pensar calados. Elogiei-o muitas vezes. De acordo que assim não se fazem governos, e que se fossem todos assim, não havia política. Mas não se fazem juízos sem contexto, e no contexto da Madeira, na maior parte das vezes é preciso ser o louco para dizer o que toda a gente pensa.

O que esperava de Coelho era que, depois de tudo o que conseguiu, desse o salto em frente, porque ninguém pode viver assim para sempre. O país conheceu-o nas Presidenciais, e nas Regionais ganhou ele sozinho três lugares na Assembleia. Coelho foi batendo todos os seus desafios... mas tropeçou no último: reinventar-se para poder fazer realmente a diferença. A diferença a sério. Coelho quis lutar a guerra, mas nunca pensou em ganhá-la, e o resultado foi mergulhar em absurdos labirintos partidários, recusar fazer a ponte com a maior Oposição de sempre e, com mais dois deputados a seu lado, decidir que o melhor era voltar a incendiar a Assembleia ao ponto de ser posto na rua.

Em questão, no último protesto, estava a ausência crónica e histórica do Presidente do Governo às sessões da Assembleia Regional: a legitimidade continua a não ser questionável... o problema é que, para a forma, já não há espaço. Hoje, o efeito mediático de ter Coelho varrido à força outra vez foi as pessoas olharem para o lado, já não quererem saber. É que Coelho já não podia ser aquilo; se é, então a sua capacidade para passar a mensagem perdeu-se algures no caminho, e as suas causas cairão com ele. Essa era a única derrota a que não se podia permitir.

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